Era uma vez...
As histórias maravilhosas começam assim.
Não importa o tamanho delas.
Se começam por era uma vez, são sempre maravilhosas.
Pois era uma vez um homem.
Um homem pobre que de precioso só tinha um cálice.
Nele ele bebia a água do riacho que passava próximo à sua casa.
Nele ele bebia leite, quando conseguia, em troca de algum trabalho.
Era pobre, mas feliz.]
Feliz com sua esposa, que o amava.
Feliz, em sua pequena casa, que o sol abraçava nos dias quentes, tornando-a semelhante a um forno.
Feliz, com a árvore nos fundos do terreno, onde escapava da canícula.
Saia pelas manhãs em busca de algum trabalho que lhe garantisse o alimento a ele e à esposa, a cada dia.
Assim transcorria a vida, em calma e felicidade.
Nas tardes mornas, quando retornava ao lar, era sempre recebido com muita alegria.
Era um homem feliz.
Trazia o coração em paz, sem maiores voos de ambição.
Então um dia...
Sempre há um dia em que as coisas acontecem e mudam o rumo da história.
Pois, nesse dia, nem ele mesmo sabendo o porquê uma lágrima caiu dos seus olhos, dentro do cálice.
De imediato, o homem ouviu um pequeno ruído, como de algo sólido, que bateu no fundo do recipiente.
Olhou e recolheu entre os dedos uma pérola.
Sua lágrima se transformou em uma pérola.
Então o homem pensou que poderia ficar muito rico se chorasse bastante.
Como não tinha motivos para chorar, ele começou a criá-los. Precisava se tornar uma pessoa triste, chorosa, para enriquecer.
Com o dinheiro da venda das pérola pensava comprar lindas roupas para sua esposa, uma casa mais confortável, propriedades, um carro.
E assim foi e ele começou a buscar motivos para ficar triste e para chorar muito.
Conseguiu muitas riquezas.
Ele poderia tornar a ser feliz.
No entanto, desejava mais. as pequenas coisas que antes lhe ofertavam alegrias, agora, de nada valiam.
Que lhe importava o raio de sol para se aquecer no inverno? Com dinheiro, ele mandou colocar calefação interna em toda a residência.
Por que aguardar os ventos generosos para arrefecer o calor nos dias de verão?
Com dinheiro, ele pediu para ser instalado ar condicionado em toda a sua casa, no carro, no escritório que adquiriu para gerir os negócios que o dinheiro gerava.
E a tristeza sempre precisava ser maior. Do tamanho da ambição que o dominava. Nunca era o bastante. Os afagos da esposa, no final do dia e nos amanheceres, de luz deixaram de ser imprescindíveis.
Ele não podia perder tempo.
Precisava descobrir fórmulas de ficar mais triste e derramar as suas lágrimas...
Finalmente, quando o homem se deu conta, estava sem esposa, sem amigos.
Só...Com seu dinheiro, toda sua imensa fortuna.
Chorando agora, estava desolado, que nem mais se importava em despejar o dique das lágrimas no cálice.
A depressão tomara conta dele e nada mais tinha significado.
Parece um conto de fadas. Mas nos leva a perguntarmos quantas vezes desprezamos tesouros que temos, indo à cata de riquezas efêmeras.
Pensemos nisso!
Não desperdicemos os valores verdadeiros de que dispomos. Nem pensemos em trocá-los por posses exageradas.
A tudo confiamos o devido valor, jamais perdendo nossa alegria.
Haveres, conquistados à troca de infelicidade, somente geram infelicidade!
Desconheço o Nome do Autor
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